Grandes Discos do Rock Br sempre prioriza a obra sem o critério de melhor ou pior, pois cada trabalho tem sua essência. Vamos continuar nossa pesquisa trazendo mais resenhas de discos que fazem parte da historia do nosso Rock, fique ligado e acompanhe nossas redes sociais e o site VRBR.
Abrindo nossa nova temporada de Grandes Discos do Rock Br, apresentamos
um álbum que se tivesse sido lançado semana passada, estaria super atualizado
com nosso “Decepcionante Mundo Novo” pois “Nunca Fomos Tão Brasileiros”
é um retrato que a Plebe Rude pintou de um futuro que jamais poderiam esperar.
O Disco começa com “Bravo Mundo Novo” que nos cobra um olhar para
o futuro e o quanto ele pode nos surpreender, e logo em seguida, esse questionamento
ganha uma afirmação na faixa “Nova era Tecnico” que proclama a segunda
revolução industrial, quando a máquina substituir o trabalho mental...Lembrem-se:
Canções lançadas em 1987!
A piração aumenta quando você ouve “Censura” que deveria ser um
lembrete histórico de uma época que passou, mas se tornou uma manchete
dos dias atuais, e da mesma forma que “Nunca Fomos Tão Brasileiros” questiona
nossa identidade e valores “Códigos” vai te alertar que o poder pela força,
nunca pode ser subestimado.
O disco é um clássico, ainda possui outras canções com destaque para a
belíssima “A Ida” a incômoda realidade de “48 Horas” e termina com “Mentiras
por Enquanto” que na época mandava um recado para as gerações futuras de
como acabar com as Fake News “Se vocês falarem mentiras sobre a gente,
falamos a verdade sobre vocês” Genial e inquietante Plebe Rude!
Criaturas da Noite é uma obra que precisa ser revista continuamente, pois
além dos elementos musicais, temos a conjunção do Rock Progressivo e a
música popular brasileira, numa simbiose incrível criada pela Banda Terço
e merecedora do título de um dos Grandes Discos do Rock Br.
“Hey Amigos” abre o disco como se fosse uma saudação para todos que
terão o prazer de passar um tempinho nessa viagem sonora e imaginária proporcionada
pelos excelentes instrumentistas Sergio Hinds, Sergio Magrão, Luiz Moreno
e Flavio Venturini que em todas as faixas, apresentam técnica e talento
para compor texturas, riffs e climas que eram referências na época.
A faixa “Criaturas da Noite” é uma linda fábula cantada, “Jogo das
Pedras” e “Queimada” tem são poesias lúdicas num jogo melódico e fascinante,
e a instrumental “1974” encerra o disco e te traz de volta para o chão.
Esse foi um disco feito numa grande panela de barro com temperos vindos
dos campos brasileiros, se tornando uma referência para o que se chamou
de Rock Rural, não sendo nada pejorativo, e assim um adjetivo para coroar
nossa identidade ao estilo de vida de quem gosta de uma boa varanda no
fim de tarde, com um café e o Terço na vitrola.
A primeira faixa é “Amazônia nunca Mais” até parece um álbum lançado em
2021, mas não, é Ratos de Porão com o disco “Brasil” uma obra de peso de
uma das bandas mais importantes do Brasil, e um dos “Grandes Discos do
Rock Br”
O RDP sempre foi uma banda ignorada pela mídia como muitas outras
do underground brasileiro, mas lá fora os caras são idolatrados por
uma massa de fãs, várias turnês internacionais e muitas histórias pra contar,
e merecem, pois estão na estrada na raça e fazendo o som que gostam, nunca
se renderam ao que poderia ser mais “adequado” e “comercialmente” viável.
A porrada começa com “Amazônia Nunca” mais um alerta sobre
o futuro mais atual do que nunca, e ainda na linha profecias ratônicas
“Plano Furado, Pt.2” estamos na parte 17, a impressionante “Farsa Nacionalista”
que hoje é terrivelmente realista, e “Beber até Morrer” uma resenha concreta
sobre as frustrações humanas.
A Capa é uma obra de arte e por isso quem encontrar o disco de vinil,
não perca chance de adquirir.
O Rock é contracultura, e de vez em quando ele se perde um pouco nessa
missão de ser o tijolo e fica chato, mas daí surge uma banda tipo Charlie
Brown Jr para chacoalhar a cena, lança um álbum poderoso, “Preço Curto,
Prazo Longo” com um som urbano, que fala a língua da rua, e bota o dedo
na ferida e aperta, por isso é um dos Grandes Discos do Rock Br!
O 2º disco da banda, os consagra perante o público com vários hits
que retratavam o jovem da época, além de Chorão e sua turma terem
criado um estilo próprio, agressivo com guitarras pesadas, Wha-Wha, riffs
e um texto com gírias que se encaixavam numa poesia de guerrilha, de quem
encarou o mundo, visceral e conectada com as pistas de skate, a trilha
sonora para radicalizar.
Os hits foram muitos, mas “Zóio de Lula” virou marca registrada
da banda, e ainda temos “Te levar Daqui” “Não Deixe o Mar te Engolir” “Confisco”
e muitas outras que se não tocaram exaustivamente nas rádios, rolaram em
muitas baladas por aí!
Se você for para fora do país, tipo Índia, e se perder por lá, talvez
rezar não vai adiantar tanto, mas falar que conhece a banda Sepultura do
Brasil, com certeza você vai encontrar alguém que vai um sinal de heavy
metal nos dedos e soltar um “yeahhh” Só isso já basta para dizer que a
banda é global, e Chaos A.D foi o álbum escolhido para consagrarmos como
um dos Grandes Discos do Rock Br!
A banda já tava na estrada há algum tempo, e o álbum viria marcar
uma nova fase do quarteto, com experiências conceituais e rítmicas,
e já na primeira faixa “Refuse/Resist” a levada tribal é uma mostra do
que seria incorporada a identidade da banda, daí na sequencia “Territory”
sempre atual e fulminante, ganhou clipe e tocou muito nas rádios do mundo.
Uma faixa instrumental “Kaiowas” para acalmar o espirito, e o aviso para
humanidade em “Biotech Is Godzilla” de Jello Biafra, que por ironia ou
profecia, está mais atual do que nunca em 2021.
Ainda temos como destaques “Hunt” e “Chaos B.C” um remix cheio de
misturas e batuques bem brasileiros, que veio como bônus extra na versão
expandida, uma previa do que seria o próximo disco da banda, pois sabemos
que Sepultura terá muitos álbuns em destaque. Alguns dizem que Sepultura
não é Rock Br, o que é um erro pois com certeza eles são a banda mais BR
do mundo, e para onde vão levam o Brasil com orgulho.
Marcelo Nova convoca um time de craques para gravar um disco que não era
só acústico, era pioneiro no formato de gravação e no conceito de produção,
obtendo um resultado além das expectativas, e por isso merece o título
de um Grande Disco do Rock BR. No momento que a MTV preparava para testar
os acústicos no Brasil, Marceleza se reúne com André Christovam, Johnny
Boy, Carlos Alberto Calazans e Franklin Paolilo, tiram todas as tomadas
do estúdio, e gravam o álbum Blackout experimentando timbres, sonoridades,
diversos tipos de violões e criando arranjos que nos levariam para a beira
de uma fogueira, para ouvir as historias contadas nas canções como “Noite”
e “Robocop” e nas bem humoradas e irônicas “Deixa eu por meu carro” e “Apurrinhado
Terminal”, pois é o clima de um disco genial, inspirador e feito com alma.
“O que você quer?” é uma balada para você pensar, e “Fogo no Inferno”
é para te provocar, e assim caminha Marcelo Nova, provocando com ironia,
com sarcasmo e inteligência, numa história de vida dedicada ao Rock e aos
grandes discos que lançou, e esse é só um deles.
Lançado em 1984, o disco Maior Abandonado do Barão Vermelho mostrou para
a indústria musical da época, que o Rock Br chegava pra ficar, além da
ótima fase da banda que faz desse um dos Grandes Discos do Rock Br! Cazuza
era filho de João Araújo, um dos executivos mais importantes da Som Livre,
a gravadora do grupo Globo que lançava artistas de peso com apoio da mídia
e das novelas que nos anos 80 produziam milhares de hits, mas isso não
gerou nenhum favorecimento quando o pai descobriu que o filho tinha uma
banda e era cantor e compositor, foi preciso obter o reconhecimento dos
críticos e do público e só com o sucesso de Maior Abandonado e o inesquecível
show do Rock´n´Rio que o Barão deixou de ser uma aposta, para se tornar
uma das primeiras bandas de Rock a tocar maciçamente nas rádios e vender
mais de 100 Mil discos.
“Maior Abandonado” era um dos hits do álbum, e ainda tinha o peso
que finalmente fluía com uma produção melhor em “Porque que a gente é assim”
mas foi com “Bete Balanço” uma música que serviu de trilha para o filme
homônimo que fez o Barão decolar entre rádios, TVs e muitos shows pelo
Brasil, alcançando e reconhecimento espontâneo da sua gravadora, que a
banda merecia mais atenção. Mas daí Cazuza saiu da banda e isso é assunto
para outra resenha...
Pegue Hip Hop, Funk dos anos 70 e Hard Rock, tempere com muita “erva”
e atitude, e você terá Planet Hemp e o álbum “Usuário” que chegou quebrando
tudo em 1995, por isso é um dos Grandes Discos do Rock Br! Uma bela porrada
sonora chuta as portas e pede atenção, e foi assim que o Planet Hemp chegou
arregaçando, com uma base alucinante e letras que botavam o dedo na cara
de um sistema hipócrita que libera cigarro, álcool e proíbe uma erva ancestral,
e essa blitz incendiou uma juventude ainda livre do politicamente correto,
que fez de “Legalize Já” um hit e uma bandeira, da mesma forma que “Mantenha
o Respeito” inspirou muita gente a questionar se fumar um “fininho” fazia
dele um marginal.
Mas o disco ainda tinha muita coisa bacana como as canções “Dig,
Dig, Dig (Hempa)” “A Culpa é de Quem” “Não compre, plante” e uma sonoridade
fantástica obtida com a fusão do rap cantado sob uma cozinha pesada e um
DJ que dava o toque final nesse caldeirão urbano e incendiário.
Quando a temperatura nos anos 80 estava subindo para o rock, os Paralamas
do Sucesso tiveram uma importância muito grande no momento de popularizar
o estilo adicionando o tempero latino para fazer a moçada dançar e pensar,
e o disco Selvagem atingiu no alvo todas as tribos e por isso é um dos
Grandes Discos do Rock Br! Quando você solta a primeira faixa “Alagados”
já sabe que o seu corpo vai se mexer enquanto ouve algumas verdades sobre
o terceiro mundo e seus contrastes, e essa formula levou o Paralamas para
muito longe, pois se as guitarras eram mais gingadas, as canções traziam
questionamentos importantes para um Brasil despedaçado pós ditadura, e
nesses hits como “A Novidade” a mensagem era clara “Ó mundo tão desigual,
de um lado esse carnaval, do outro a fome geral” Semelhanças com os dias
atuais não são é mera coincidência!
Ainda temos a inflamada “Selvagem” com um riff poderoso e uma artilharia
na letra que descreve a alma de um Brasil opressor. As outras faixas apontam
para um novo horizonte que a banda iria tomar, influenciados pelo Reggae,
Caribe, Samba, os Paralamas do Sucesso passavam de fase e mostravam a cara
de Rock Br tropical, mas ainda voraz e inteligente!
Só uma época tão criativa e transcendente, poderia conceber um disco com
o título “A Misteriosa Luta do Reino de Para Sempre contra O Império de
Nunca Mais” e isso aconteceu em 1969 num Brasil reprimido pela ditadura,
através da inquietação de Ronnie Von, o príncipe do rock psicodélico brasileiro,
e claro que merece o status de ser um dos Grandes Discos do Rock Br! Apesar
do título longo, não é um álbum experimental e nem complexo, é suave, com
canções definidas pela estética da época, e alguns climas que nos levam
diretos para o “Reino de para Sempre” como em “Atlantida” e “Pare de Sonhar
com Estrelas Distantes”. Um destaque foi a versão de “I Started a Joke”
do Bee Gees, “Comecei uma Brincadeira” que ficou sensacional, além do arranjo
de “Onde Foi” um molho bem temperado pelos ingredientes psicodélicos.
Se você não sabia que Ronnie Von tem essa credencial no Rock Br,
então conheça mais dois álbuns dessa fase, que formam uma trilogia, sendo
“Ronnie Von – 1968” e “Minha Máquina Voadora - 1970”, um tesouro que merece
atenção e algumas horas de audição.
A turma de Brasília invadiu as capitais do Brasil, com um rock alinhado
ao pós-punk dos anos 80, letras inteligentes e bandas que interagiam e
se ajudavam na construção de suas histórias. O Capital Inicial faz parte
dessa fase e seu primeiro disco tem canções oriundas do “Aborto Elétrico”
que se tornaram clássicos, e faz desse um dos Grandes Discos do Rock Br!
A primeira faixa do disco “Música Urbana” iria se tornar uma das canções
mais importantes do Rock Br, pela letra de Renato Russo, o arranjo perfeito
os anos 80 e a intepretação brilhante na voz do vocalista Dinho Ouro Preto,
e o mesmo ocorre com a canção “Fátima” que faz uma reflexão profunda sobre
o mundo real e a fé, embalada em teclados que deram o tom dramático e necessário
para exigir prender a atenção do ouvinte.
Ainda podemos destacar “Leve Desespero” “Psicopata” e “Veraneio Vascaína”
que recebeu o carimbo de "censurada", quando a Censura servia como um tipo
de publicidade espontânea para gerar curiosidade e aumentar a busca pelo
disco e pela música "Proibida"
Para quem curtiu o Rock Br nos anos 80, 1986 foi o ano do RPM e o disco
“Rádio Pirata Ao Vivo” era um fenômeno que tocava em TODAS as rádios, que
variavam as faixas, tendo espaço inclusive para “Naja” uma música instrumental
e nada comum na época, mas era “Olhar 43” “Rádio Pirata” “Revoluções por
Minuto” os hits do verão, nos toca-fitas dos carros e levando a juventude
a loucura nas casas de shows, que revezavam entre gritos e lágrimas provocadas
por “London London canção sobre a solidão no exílio, composta por Caetano,
na voz rouca e interpretação dramática de Paulo Ricardo.
As letras inteligentes e arranjos que uniam guitarra, bateria e baixo
com os poderosos teclados de Luiz Schiavon, criavam uma base sonora vibrante
e visceral, que serviu de válvula de escape para os jovens da época, que
ao ouvirem os primeiros acordes de “Alvorada Voraz” ao vivo, explodiam
em milhares de sentimentos reprimidos, criando um laço com a banda que
ia além da música, era a trilha sonora de um Brasil livre da Ditadura.
Talvez você não tenha conhecido, e é uma pena, pois Picassos Falsos e
o álbum “Supercarioca” mereciam um reconhecimento maior do público na época,
já que pelo pioneirismo e qualidade de produção, estamos diante de um dos
Grandes Discos do Rock Br. A banda foi uma das primeiras que misturou ritmos
brasileiros com um rock rasgado, isso nos meados dos 80, criando uma assinatura
própria, somando interpretações dramáticas, letras profundas e inspiradas
como em “Bolero” e na climática e densa “Marlene” além de toda potência
visceral nas guitarras de “Wolverine” (quando a Marvel era só quadrinhos).
E numa mistura bem brasileira, encontramos a “gingada” e cheia de
feeling Rio de Janeiro com violões e um belo convite para curtir a o esplendor
da cidade maravilhosa.
Quando se trata de Grandes Discos do Rock Br, Raul Seixas será uma referência
sempre, pois além de toda sua importância na propagação do estilo, temos
todos os mistérios e lendas de Raul e sua alquimia com Paulo Coelho, uma
parceria que rendeu canções extraordinárias e um dos principais álbuns
que marcam esse período, “Gita” de 1974. Um clássico feito pelo tempo e
pela sua história. Com a ditadura em voga, o disco trazia canções
críticas diretas ao sistema autoritário que inspiravam a liberdade plena,
como “Sociedade Alternativa”, e isso provocou o exilio de Raul e Paulo
Coelho, mas o sucesso comercial da canção “Gita” possibilitou que os dois
voltassem ao Brasil, e Raul passava ter status de ídolo nacional, bombando
nas rádios e na TV com o clipe da canção no fantástico, programa da Rede
Globo.
Esse álbum ultrapassa as fronteiras do sucesso, era algo maior, pois
iria criar uma mitologia sobre a sociedade alternativa, havia citações
sobre o bruxo Alexander Crowley em algumas canções, e histórias de bastidores
que começavam a borbulhar a biografia de Raulzito.
Essa série sobre os Grandes Discos do Rock Br tem a proposta de comentar
trabalhos que possuem alma e foram representativos junto aos amantes do
bom e velho rock´n´roll tupiniquim, e o Golpe de Estado com seu 4º disco,
“Quarto Golpe” conquistou seu lugar! O disco tem o peso característico
da banda, e produziu um Hit "Caso Sério" que tocou em diversas rádios especializadas
em rock na época (89, Brasil 2000) e em rádios mais pop também, gerando
visibilidade nacional, com direito a participação em vários programas de
TV, como Jô Soares, Programa Livre (Serginho Groisman) Bem Brasil (TV Cultura)
e shows, tornando essa canção um clássico do Hard Rock brasileiro.
Nessa época, a banda era formada por músicos incríveis, como o excelente
guitarrista Hélcio Aguirra, que nos deixou em 2014, o reverenciado batera
Paulo Zinner, e o ótimo baixista Nelson Brito, um timaço somado ao vocalista
carismático e cheio de atitude rock´n´roll, Catalau, que inflamava os shows
da banda e agitava o público.
Afrociberdelia é um rompedor de fronteiras, inquieto, a frente de seu
tempo, sendo uma daquelas obras que devemos enviar para outras galáxias
conhecerem o melhor do ser humano. Um clássico inspirador para qualquer
tribo! Chico Science foi cedo para uma outra dimensão, mas deixou um portal
para nossas mentes escaparem por um universo de batidas e texturas sonoras
que ultrapassam nossa realidade sensorial, e é nessa pegada que devemos
ouvir esse clássico com a Nação Zumbi e seu manguebeat frenético e alucinante.
O disco não dá trégua, você presta atenção, dança, pensa, pula, questiona
e termina num maracatu atômico de sensações e experiências, que valem cada
segundo dedicado a esse momento. Seja na mensagem de Etnia, na viagem de
quilombo Groove, no bate papo com Isaac, na taquicardia de Manguetown e
o reencontro com Mautner.
Nesse disco “Viva” temos o suprassumo do rock feito com atitude, por isso
é um dos Grandes Discos do Rock Br! É muito difícil um disco ao vivo ser
lançado da forma como foi gravado, pois é comum produtores e engenheiros
de som sugerirem overdubs, que são regravações de trechos ou instrumentos
de uma música, para melhorar a qualidade ou corrigir erros, mas no caso
do “Viva” não houve lapidação, ele é um retrato do que rolou no palco,
onde o reverendo Marcelo Nova, fez seu público participar ativamente do
disco, numa oração do “Pai Nosso” que colocou todos numa catarse indescritível
e única que ficou registrada na faixa “O Adventista”, algo transcendente
para essa geração cheia de regras e cuidados com imagem e opiniões.
O disco foi precursor em oferecer ao público um material sem censura,
recheados de palavrões necessários para expressar a liberdade e o sarcasmo,
presente principalmente em “Silvia” que nasceu de uma brincadeira e se
tornou um hit, além da releitura épica de “My Way” com toques de ironia
e deboche que são componentes básicos do DNA do bom e velho Rock´n´Roll.
Nos últimos dias várias matérias surgiram falando desse disco que completou
recentemente 28 anos, e merece mesmo todas as reverências, pois Titanomaquia
é um clássico do Rock Br! Claro que Cabeça Dinossauro será lembrado por
nós, mas antes vamos falar desse trabalho que é visceral na concepção de
timbres agressivos para as guitarras rasgarem a alma das canções e seus
textos distópicos, berrados ou falados pelos sete que moldaram essa obra,
junto com Jack Endino, o produtor que libertou as amarras dos Titãs!⠀ ⠀
Ouça todas as faixas e se você não conhece, aumenta um pouco mais o volume
e se delicie com o rock na sua forma mais primitiva! Você pode ter a sorte
de encontrar esse disco de vinil com a capa promocional num plástico preto,
em CD ou nas plataformas da vida.⠀
Nando Reis em seu canal relatou na 5º parte sobre 50 fatos sobre os Titãs,
que apesar de ter participado brilhantemente como baixista em todas as
canções e vocal na canção “Hereditário”, ele pessoalmente não gosta muito
do disco, mas isso é uma mostra de que Titanomaquia não nasceu agradar
corações, foi feito para provocar e questionar opiniões, mesmo entre seus
criadores.
Talvez a palavra clássico seja a melhor definição para o álbum “Dois”
da Legião Urbana, pois de 12 faixas, pelos menos 7 estão gravadas no inconsciente
coletivo de gerações, e em qualquer rodinha de violão são tocadas e cantadas
em coral, superando a barreira da idade e do tempo. A Banda de Brasília
já tinha lançado o primeiro disco, que foi um sucesso, mas foi nesse momento
que "Renato Russo" começa a se destacar com seus textos e capacidade de
interagir com o sentimento de milhões de jovens, num país carente de grandes
conquistas e transformações, letras como “Indios” eram contundentes, verdadeiras
e carregadas de emoção, tornando o disco que está completando 35 anos do
seu lançamento (20/07/86), uma referência de álbum que consegue agradar
qualquer perfil de ouvinte, desde uma dona de casa curtindo a boa humorada
história de “Eduardo e Mônica” até o adolescente mais rebelde se identificando
com os versos de “Tempo Perdido”
A Legião Urbana é simplesmente a trilha sonora da juventude dos anos 80
e 90, com grandes discos que ainda vamos comentar, mas especificamente
nesse trabalho, foram capazes de produzir uma revolução baseada em letras
incríveis e canções que precisávamos ouvir, por isso todas as faixas são
destaques.⠀
Os Engenheiros do Hawaii construíram sua estrada no Rock Br, contrariando
padrões de estética e cartilhas de produtores da época, sob o respaldo
de quem realmente interessava; o público. No 4º álbum de estúdio da banda,
O Papa é Pop, produzido por eles mesmos, temos uma proposital provocação
do termo “pop” pois num disco com canções com mais de 6 minutos, temos
a consagração da banda pelas vendas e pela admiração dos fãs que se sentiam
desafiados pelos jogos de palavras e citações nas letras, mas rapidamente
estavam apaixonados e cantando todas as faixas do disco. Quer algo mais
Pop do que alguém decorar a letra de uma canção com o título "A Violência
Travestida Faz Seu Trottoir"? Por isso esse disco é um clássico!⠀ ⠀
O grande hit foi uma regravação de um clássico dos Incríveis “Era
garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”, seguido pela
climática “Pra ser Sincero” e seu piano que provocou muitos suspiros e
lembranças.
São Paulo e seus prédios, avenidas e fábricas, dão o tom do concreto que
nos envolve, e foi nesse cenário que o Punk Rock cresceu como forma de
protesto, estilo de vida e som, que vinha das bandas que sem nenhuma estrutura,
mas como muita atitude, chutavam a canela do sistema opressor no início
dos anos 80. Com toda essa bagagem, Os Inocentes gravam em 1986 um álbum
perfeito para expressar o momento que viveram entre os becos e o underground
paulista; Pânico em SP!!! Um clássico que inicia apresentando
o terror das grandes cidades e suas "Rotinas" massacrantes, mas é o grito
de “Pânico em SP” que marca todo o conceito do álbum, pois até hoje vivemos
em alerta numa cidade rica, gigante, mas repleta de problemas e injustiças.
Se as sirenes soarem, todos vão fugir sem saber porque.⠀ ⠀
Um disco que completa 35 anos de seu lançamento, nunca esteve tão
atual, e no mês que a banda também completa 40 anos, esse é um trabalho
que merece nosso respeito e tem que fazer parte da coleção de quem gosta
do Verdadeiro Rock Br! ⠀ Destaque para todas as faixas, mas vale a pena
conferir a “Face de Deus” e sua letra muito foda!!!⠀
Psicoacústica, é o 3º álbum da Banda Paulistana IRA!, Um clássico que
deve ser ouvido em alto e bom som, pois trata-se de um trabalho conceitual,
incrível e extremamente criativo. A ousadia na produção, numa época que
o Rock Brasileiro era tratado com desconfiança e indiferença pela indústria
da música, fez com que o disco não obtivesse o reconhecimento que merecia,
mas a música não tem data de validade e essa experiência merece ser revista
para quem conhece e descoberta para novos fãs!⠀
Ouça nas principais plataformas ou vai caçar o CD ou vinil, que é muito
mais legal! Destaques:⠀ Rubro Zorro, Receita Pra Se Fazer Um Herói, Pegue
Essaa Arma, e Advogado do Diabo.
Quando a EMI resolveu lançar a Plebe Rude em 1986 com um mini LP para
testar seu potencial, nunca imaginou que aquelas sete canções formariam
um dos discos mais importantes do Rock Br! Com o Brasil pós ditadura, ainda
sob as sombras da opressão, o disco abre com o hino “Até quando Esperar”
que até hoje ecoa contra a desigualdade social e se tornou um Hit de gerações,
pois entrou no inconsciente coletivo, mantendo viva e atual até hoje. Na
sequência, Proteção escancara o braço opressor e o autoritarismo que também
continua ativo, passando por “Minha Renda” ironizando a ganância da indústria
da música, as angustias contidas de “Seu Jogo” e termina com o concreto
rachando e as baratas se arrastando em “Brasilia”⠀
Se um jovem que nasceu a partir de 2000, pedir para você explicar o que
era o Rock Br nos anos 80, dê para ele a bolacha do “Concreto já Rachou”
e aguarde as reações!
O filho de Lenon Sean e o Kurt “Nirvana” Cobain, são ilustres fãs dessa
banda brasileira que até hoje é uma referência no mundo quando se trata
de criatividade e inovação no rock! Então, se você acha que o rock brasileiro
nunca fez os gringos babarem, se curve aos Mutantes e esse clássico psicodélico,
“A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado” o disco de dois títulos e sonoridade
recheada de experiências, timbres diferenciados, humor, ironias, belas
e estranhas canções, que transformam esse disco em uma referência para
entendermos que a música brasileira fora da caixinha, é incrível!
Destaque para a intrigante “Ave Lucifer” o humor irônico de “Meu Refrigerador
não Funciona” o psicodélico lopping de “Haleluia” e a clássica ”Ando Meio
Desligado”
Se tem um disco que nasceu para ser clássico, é a Panela do Diabo com Raul Seixas e Marcelo Nova! Logo que você solta a agulha, Be Bop Lulla serve como uma passagem para entrar no clima Rock´n´Roll e embarcar numa viagem autobiográfica com canções extraordinárias que podemos resumir com uma das frases mais icônicas produzidas por Raul na bela e reflexiva Carpinteiro do Universo. “O meu egoísmo, é tão egoísta, que o auge do meu egoísmo é querer ajudar” Textos brilhantes, um time que músicos que contava com Andre Cristovão, Johnny Boy, Franklin Paollilo, Gustavo Mullen, Carlos Alberto Calazans entre outros craques, e a união de dois roqueiros que saíram da Bahia para quebrarem algumas vidraças, faz desse álbum indispensável para quem é fã do Rock Br. Raul se despediu do mundo no palco e entregou sua alma para esse trabalho, e foi Marcelo Nova que proporcionou essa união num momento difícil para Raulzito, pois era um fã reverenciando e apoiando seu ídolo.⠀